Remoção de próteses de silicone cresce e expõe novo olhar feminino

O número de remoções de implantes de mama aumentou 33% no Brasil, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica

Quando elas colocaram prótese de silicone nas mamas, nada se falava sobre como tirar. Hoje, alimentado pelo compartilhamento de informações nas redes sociais, o explante virou um fenômeno no país campeão de cirurgias plásticas.

Encaixar-se no padrão de seios volumosos – febre há mais de 20 anos – deixou de fazer sentido para muitas delas. Para outras, embora ainda gostem do que veem no espelho, os riscos da prótese à saúde preocupam.

A atriz Gabriella Britto, de 30 anos, descreveu a experiência nas redes sociais com a remoção em janeiro. “Minha decisão (de colocar, há nove anos) partiu de achar que talvez algo externo pudesse fazer com que me sentisse melhor”, diz. “Existia e continua existindo dificuldade de mostrar o corpo real das mulheres. Nós achávamos que tínhamos algum problema”, avalia.

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Nos últimos quatro anos, mudanças no estilo de vida, como aderir ao veganismo, a fizeram repensar a necessidade do silicone. “Eu tinha um corpo estranho, que poderia causar danos, e senti que não precisava mais deles.”

O número de remoções de implantes de mama aumentou 33% no Brasil, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica. Passou de 14,6 mil, em 2018, para 19,4 mil, em 2019 – últimos números disponíveis. A cirurgia para aumento da mama continua sendo um dos carros-chefe das plásticas no Brasil, com 211 mil procedimentos no ano, mas a procura tem sofrido queda

Médicos brasileiros que se especializaram no explante contam que a busca pela remoção teve um boom em 2020, mesmo com a pandemia, e segue em alta. Por semana, o cirurgião plástico Bruno Herkenhoff faz de quatro a cinco cirurgias. Ele conta que até para ele, no início, retirar o silicone exigia um esforço de mudança da mentalidade sobre a beleza. “Temos de fazer um trabalho psicológico para mudar esse paradigma que vem desde a nossa formação”, afirma.

A jornalista Camila Ermida, de 42 anos, relata “relação de amor e ódio” com o silicone, colocado em 2017, até retirá-lo em agosto. Ela tinha zumbidos no ouvido, queda de cabelo, pés e mãos gelados.

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