Alzheimer: Entenda os sintomas e como a doença se manifesta

De acordo com especialista do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição, de Três Rios, a doença surge de maneira gradativa, podendo, ao longo de sua evolução, acometer várias habilidades cognitivas

Caracterizada pela perda de memória a longo e curto prazo, o Alzheimer está entre as complicações neurológicas que causam maior impacto na qualidade de vida. Dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), realizado com cerca de 10 mil adultos acima dos 50 anos e publicado em 2018, apontaram que a proporção de brasileiros com Alzheimer aumentou em 127% ao longo de três décadas. Estes números geram ainda maior preocupação em meio a pandemia, visto que o risco para o desenvolvimento de sintomas graves da COVID-19 é cerca de três vezes maior para quem tem a doença, segundo estudo publicado no periódico científico Alzheimer’s & Dementia este ano. Por isso, os cuidados preventivos frente à complicação são ainda mais relevantes no atual cenário. 

Segundo o Dr. Ricardo Martello, neurologista do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição, de Três Rios, a doença surge de maneira gradativa e lenta, sendo inicialmente percebida como alterações de memória. Ao longo de sua evolução, pode acometer várias habilidades cognitivas. “É uma complicação degenerativa do sistema nervoso central, causada pelo acúmulo de uma proteína chamada beta amiloide, acometendo predominantemente os lobos frontal, temporal e parietal do cérebro, e também parte do sistema límbico. Por isso, as repercussões neurológicas são graves, comprometendo diversos aspectos da qualidade de vida”, adiciona. 

Alerta aos sintomas

Devido ao modo como se manifesta, é importante ficar alerta ao surgimento de sinais que podem indicar a presença ou o desenvolvimento da condição. De acordo com o Dr. Ricardo, os sintomas iniciais geralmente estão relacionados à perda de atenção e de memória de curto prazo, além de desorientação visual-espacial. “Um especialista deve ser consultado sempre que esses sintomas estejam causando prejuízo funcional, ou seja, atrapalhando o dia a dia do indivíduo”, adiciona. 

A progressão do Alzheimer é dividida pelo Ministério da Saúde em quatro estágios diferentes. O primeiro estágio é onde surgem os sintomas iniciais citados, caracterizado especificamente pelo esquecimento de acontecimentos recentes, alterações leves na personalidade e comprometimento da noção de espaço. O segundo estágio, chamado de forma moderada, é marcado por repercussões como confusões ao falar, problemas com a coordenação, agitação e insônia. 

O terceiro estágio, já chamado de forma grave, poderá incluir certa resistência na realização de atividades cotidianas, perda involuntária da capacidade de controlar o intestino, e dificuldade em se alimentar. Já o estágio final, considerado terminal, é quando o indivíduo permanece no leito e apresenta transtornos graves de ansiedade, infecções de origens variadas, além de dificuldade e dor para engolir. 

Grupos de risco

            Existem características fisiológicas e genéticas que contribuem para um aumento na probabilidade de desenvolvimento da doença. Segundo o especialista, o principal fator de risco associado é a idade avançada. “História familiar relacionada à condição e à presença do genótipo ApoE, também podem influenciar na suscetibilidade. Além destas, as complicações cardiovasculares, que aumentam a incidência de infarto e AVC, como hipertensão arterial, dislipidemia, tabagismo e sedentarismo podem contribuir para a vulnerabilidade do indivíduo”, adiciona. 

Tratamento

O tratamento é multidisciplinar, envolvendo especialidades como terapia de reabilitação cognitiva, prevenção dos fatores de risco, prevenção de queda e a identificação de causas reversíveis de demência, como hipotireoidismo e transtorno depressivo. Além disso, este processo também inclui o uso de medicamentos que aumentam a quantidade de acetilcolina no cérebro, um neurotransmissor relacionado à memória. Medicamentos que controlam alucinações e a agitação psicomotora, como os antipsicóticos, também podem ser usados em alguns casos.

Medidas preventivas

Não existem maneiras diretas de se prevenir a doença, visto que o principal fator de risco é a idade avançada. Mesmo assim, existem algumas ações que, quando adotadas adequadamente, podem contribuir para diminuir o risco do desenvolvimento de complicações que facilitam a incidência do Alzheimer. “Entre as principais medidas preventivas estão a realização de atividades físicas de maneira rotineira e o constante exercício das habilidades cognitivas, como leitura, estudo e outras atividades que envolvam a capacidade mental”, finaliza.